Terminado
oficialmente o carnaval temos por tradição o inicio do ano de 2015 em suas
atividades econômicas que, aliás, chegam a população com aumento de impostos e
taxas elevadas de juros.
Alem de
afetar o bolso do brasileiro que vê seu poder aquisitivo diminuir, regiões como
o Sudeste tem o racionamento de água como um pesadelo iminente devido à falta
de investimentos estruturais em anos anteriores, e a causa principal que
cientistas brasileiros alertam: desmatamento, ocupação do espaço urbano de
forma desorganizada com impermeabilização do solo, falta de mata ciliar. Para
agravar ainda mais há alterações climáticas por desmatamentos na Amazônia que
interferem no ciclo de chuvas para as regiões do Sudeste conforme relatado em
pesquisas do Dr.
Nobre (2014), pesquisador do INPE e INPA (MCTI)
em seu relatório sobre o futuro
climático da Amazônia.
Esses já
seriam problemas de duro enfrentamento para começar o ano, mas ao que tudo
indica poderá se agravar nesse verão com um aumento dos casos de dengue e a
recente febre chikungunya, onde os brasileiros nunca tiveram contato, e,
portanto não apresentam imunidade.
A relação do aumento de dengue no
Sudeste que nas Américas tem o vírus veiculado pelo Aedes aegypti, e chikungunya que tem como vetor o Aedes aegypti ou seu parente de hábitos
mais silvestres Aedes albopictus é
explicada pelo fato do Sudeste estar estocando água nos domicílios em
recipientes sem as devidas precauções, tornando esses locais potenciais
criadouros para o mosquito. Aedes albopictus é hábil para veicular o patógeno que causa a febre chikungunya em
apenas dois dias após a infecção em laboratório segundo (Veja-Rua et al. 2014) e através de técnica de RT-PCR, Martins et al. (2012) encontraram
taxas importantes de A. aegypti e
A. albopictus contaminados por vírus
dengue através da transmissão vertical em Fortaleza, Brasil, ou seja, nesse
caso o mosquito já nasce contaminado com o vírus dengue.
São Paulo
capital registrou segundo a Secretaria Municipal de Saúde 220 casos de dengue
até final de janeiro, contra 81 em 2014 nesse mesmo período. O mais curioso é que
a zona Norte da cidade é que a tem maior incidência, sendo também a região mais
afetada por falta de água. No Brasil ocorreu um aumento de 57,2% de
notificações para dengue comparado ao mesmo período de 2014 conforme dados
publicados em 09/02 pelo Ministério
da Saúde.
Para chikungunya,
os dados disponibilizados em dezembro de 2014 pelo Ministério
da Saúde mostram
aumento em torno de 65% em menos de dois meses, totalizando 2.847 casos no
Brasil.
A
prevenção é a saída, já que não há ainda vacina disponível a população, e o
controle do vetor é primordial. Todas as ações de campanhas para dengue valem
também para o chikungunya.
O cenário
atual é um exemplo de como grandes degradações envolvendo desmatamento na
Amazônia, supressão de florestas do Sudeste, das matas ciliares e utilização inadequada do espaço urbano
convergem para favorecer animais sinantrópicos como o Aedes que tem nos reservatórios de água mal acondicionados
excelente criadouros para se proliferarem e veicular vírus de forma eficiente,
afetando a qualidade de vida das populações.
João Zequi
– Pesquisador Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (MCTI)
Bibliografia consultada
MARTINS, Victor Emanuel Pessoa et al.
Occurrence of natural
vertical transmission of dengue-2 and dengue-3 viruses in Aedes aegypti and
Aedes albopictus in Fortaleza, Ceará, Brazil. PloS one, v. 7, n. 7, p. e41386, 2012.
MINISTÉRIO DA SAÚDE /SVS. 2015. Dengue: Saúde registra aumento de casos e
redução de mortes. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/16500-dengue-saude-registra-aumento-de-casos-e-reducao-de-mortes>.
Acesso em: 21.02.205
NOBRE,
A,D. 2014. O Futuro Climático da Amazônia. São José dos Campos, São Paulo.
Disponível em: <http://www.ccst.inpe.br/wp-content/uploads/2014/10/Futuro-Climatico-da-Amazonia.pdf>. Acesso em: 21.02.2015
VEGA-RÚA, Anubis et al. High level of vector competence of Aedes
aegypti and Aedes albopictus from ten American countries as a crucial factor in
the spread of Chikungunya virus. Journal of virology, v. 88, n. 11, p.
6294-6306, 2014.